Aos 75 dias da pandemia em Cuba
Coerente com os princípios socialistas que orientam a construção do seu projeto revolucionário nestes 61 anos, Cuba coloca em evidência, ainda mais neste período, suas ações intersetoriais e interdisciplinares de caráter solidário, humanista e que se sustenta na unidade de todas as forças políticas, científicas e sociais nacionais e na sua democracia participativa.
Passados 75 dias do início da pandemia, a Ilha de Martí e de Fidel transita por uma situação bastante favorável, indicada por um gráfico com o número de casos confirmados em constante declínio, que se expressa nas seguintes estatísticas:
a) número de altas supera o de casos confirmados;
b) 173 pacientes (97,4%) dos 177 internados confirmados apresentam estado clínico estável;
c) menos casos positivos a cada dia, apesar do aumento do número de amostras estudadas;
d) maior número de casos críticos e graves recuperados;
e) vários dias na semana sem falecidos;
f) das 15 províncias, 12 apresentam taxa de incidência de zero ou abaixo de zero por cento, nos últimos 15 dias com média nacional de 1,67%;
g) dos 44 eventos locais de transmissão, 30 saíram da quarentena.
Como é possível?
a) busca ativa desde o primeiro dia que possibilitou a identificação de casos assintomáticos no momento da internação em 50% dos casos confirmados;
b) diagnóstico rápido e número de testes suficientes;
c) protocolos de prevenção, tratamento e acompanhamento;
d) Atenção Primária por meio do trabalho do Médico da Família;
e) estudos populacionais para detectar a circulação do vírus, que inclui preenchimento de formulário e aplicação de testes rápidos e prova de PCR – das 3596 amostras realizadas, 3 casos foram confirmados;
f) produção nacional da maioria de medicamentos, como os anti virais e os imuno protetores, a exemplo do PrebengHo Vir, e do Interferon Alfa 2 B;
g) uso do plasma auto imune de recuperados para tratamento de pacientes;
h) incorporação de mais dois medicamentos: 1) CIGB 258, vacina que ocasiona uma resposta imune que salvou 80% dos casos críticos e mais de 90% dos graves e que são usados na etapa inicial do tratamento para que o organismo possa passar favoravelmente pela doença. Dos pacientes tratados com o CIGB 258, 78% saíram do estado crítico e 92% do grave e desses 50% já estão de alta, quando no mundo o percentual é em torno de 20; e 2) anticorpo monoclonal com alta 87% dos pacientes;
i) preparação preventiva de maior número de leitos e equipamentos nos hospitais, e de salas de terapia intensiva; de mais e mais capacitação de equipes de saúde.
Enfim, a sólida estrutura de saúde, a experiência acumulada e a incansável pesquisa nos centros científicos de investigação para a descoberta de medicamentos efetivos para recuperação dos pacientes e, em um futuro, para a cura da Covid-19 e sua vacina.
Por outro lado, como em Cuba a vida tem um valor inestimável e não se mercantiliza a saúde, as medidas de proteção e prevenção continuam sendo reiteradamente enfatizadas.
Assim, após testemunhar essa situação bastante favorável em Cuba aos 75 dias do início da pandemia, e ainda mais com o recrudescimento do bloqueio comercial e financeiro pelo governo dos Estados Unidos, me perguntei: ‘como é possível?’. Então me lembrei das palavras do Presidente da República de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, em uma das reuniões diárias que preside: “Não é milagre, é socialismo!”
Havana, 23 de maio de 2020
Maria Auxiliadora César – aposentada do Dep. de Serviço Social/ Fundadora do Nescuba/Ceam/UnB/ Residente temporária em Cuba